sexta-feira, 11 de maio de 2012

. Soneto do Encontro .

Gosto quando a vida me joga no chão e em seguida estende a mão me mostrando um universo diferente.
Foi exatamente o que aconteceu comigo.
Um erro, uma pessoa, um rosto falso e palavras tolas. Era eu aprendendo a seguir sem olhar para trás, sem sentir medo ou falta, ou pena de mim.
Esvaziei, senti um cheiro novo no vento e relaxei. Não esperei nada, não pedi nada, apenas me permiti.
Um sorriso que me permitiu sorrir também.
Gosto quando o obvio desaparece e deixa o mistério entrar. Quando o medo sussurra no seu ouvido e o frio na barriga se torna uma sensação constante. Eu não sabia como era sentir a vida pulsar assim, tão quente, tão doce, tão urgente, novamente.
Ela trouxe consigo um pouco de mim, um pedaço de adolescência e a sensação démodé que é esperar.
A vida vem e não espera a gente decidir a roupa ideal pra vestir ou a hora certa pra ligar. A vida é instantânea e pra quem tem coragem de arriscar mais uma ficha, mais uma jogada. A vida é roleta russa, é perder o ar e a cor. A vida é pra quem acredita no improviso e nos números de telefones trocados.
Foi bom te ver chegar, sem pressa.
Que fique, que seja intenso, gostoso e que seja do bem.
Que seu sorriso seja o maior presente.
Que tudo se encontre, as mãos, os beijos, as vontades e as músicas preferidas.
Que tenha signo combinando, que tenha filme em comum.
Que tenha você o tempo todo.
Eu continuo observando você passar e bagunçar as coisas em mim.
Que assim seja.

terça-feira, 8 de maio de 2012

. Observando .

Estou assumindo as rédeas. Se precisar, bato o pé, brigo, grito, mas não abro mão de mim dessa vez.
Não serei a falida na esquina, desgovernada, perdendo um pouco de si em cada passo. Não serei quem rasteja, que implora e molha a ponta dos dedos pra limpar seu próprio medo. 
Dessa vez eu venci e levei o prêmio pra casa.
Há quem venha me acompanhar, há vontade de crescer, de encontrar antigos e novos desafios, há quem diga que é belo, há quem lute pela minha causa perdida. 
A verdade é que tenho aprendido a caminhar com as próprias pernas, a sentir as dores pessoais e saber esperar, não por alguém, mas por mim.
Estou sentada a beira do mar esperando por mim. Espero como se espera o sol nascer.
Tenho provado doses de simplicidade, sorrisos gratuitos e nunca me senti tão leve assim. Fecho os olhos e vejo um mundo de possibilidade se multiplicar diante de mim. 
É o caos que me fez. Foram as mãos ásperas desse mestre que teceram minha armadura viva. E sou imensamente grata por cada digital que deixei nos copos, por cada marca de batom no cigarro queimando, por cada esperança quebrada e cada olho inchado no final da noite. Não, eu não mudaria meu caos para remediar meu medo. 
Tenho uma alegria mórbida pelo simples fato de respirar. Um sorriso escondido em cada vez que encontro dois braços me acenando, eu sinto o frio na barriga que dá quando o mundo gira demais, sinto como se respirasse pela primeira vez a cada manhã recém chegada. 
O que importa é estar vivo e viver as escolhas.. minhas, dos outros, do universo.
Só estou observando tudo que passa em volta e aprendendo a não me frustrar, aprendendo a me respeitar e a entender meus limites. Vejo pessoas errando, contradizendo e tentando esquivar-se de problemas.. logicamente, erro e caio em contradição, mas se tem uma coisa que posso me orgulhar é de nunca fugir a um bom combate. Não tenho medo de cair, tenho medo de não ter nada para me derrubar, porque cair é o impulso para levantar mais forte. Tenho medo de que um dia não haja mais o que superar.
Quero que cada problema me acrescente uma dose de calma para saber lidar, que faça minha alma rejuvenescer, que faça com que as cicatrizes se tornem um mapa do que eu sou. 
Aqui estou, no controle, no cume das coisas, olhando as nuvens passarem e sorrindo para o que tiver que ser. 




Olho o sol se pôr e as pessoas caminhando, vejo crianças correndo e sinto o vento tocar meus lábios. Penso, falo baixo.
Vejo vidas, idas e vindas.. o tempo todo.