terça-feira, 26 de março de 2013

. DesapEGO.

O caos sempre dá um jeito de não ser esquecido.
Nesses últimos  meses, minha vida esteve mais bagunçada que a bagunça natural que sempre foi.. uma bagunça externa que me fez parar de pensar, que me obrigou a tomar atitudes, quase que por reflexo.
Esqueci das minhas doenças internas e de limpar os escombros e fui consertar a vida dos outros, nessa coisa louca de tentar deixar todos bem, nessa ânsia de salvar cada coisa viva ao meu redor. Eu gosto de poder participar da vida das pessoas.. mas....
Mas eu tenho estado longe demais de mim. Absorver o problema alheio nunca resolveu os meus. Ficam os processos empoeirados na gaveta, a planta seca por falta d'água. Um dia, giramos a chave e abrimos a porta de novo, o cheiro o mofo, as correspondências antigas, as teias de aranha na mesa, tudo estará lá te esperando chegar, te culpando por tanto tempo passado.
Os problemas não somem, eles dormem e levantam mais fortes.
E eu voltei pro meu quarto empoeirado, voltei pra abrir a janela e as cortinas, deixar a luz do sol adentrar as paredes gélidas e me mostrar cada respingo de lama, cada móvel sujo, cada pedaço de papel picado no chão.
A luz entrou pelas frestas e então eu pude ver o quão sujo estava meu coração. Havia pedaços de nada por todos os lados, pedaços de coisas não resolvidas, pessoas que deveriam ter partido. O renascimento é uma coisa demorada, minuciosa. É preciso queimar, virar cinzas e depois abrir os olhos em um velho-novo-mundo. Nada mudou na minha vida, mas eu fiz minha vida mudar. Eu mudei e lavei a casa toda pra receber novas visitas. 
Foi indolor dessa vez. Na verdade, foi automático, foi esperado, foi quase um parto. Coloquei pra fora tudo aquilo que me sufocava, sem raiva, sem mágoa, sem saudade.
Desapego.
Estou aprendendo a me desapegar do que já pôde ser bom. Meio bom não é bom o suficiente pra te fazer feliz e eu odeio a meia-felicidade.
Eu quero tudo ou nada, quero mão entrelaçada ou cara virada. Essa coisa toda de ser meio, partiu as coisas em pedaços desiguais e reduziu tudo à pó. E poeira a gente limpa, não guarda de recordação.
Carta de Alforria. Dias melhores pra sempre!
Eu pari cada lembrança abstrata da minha projeção no outro. Agora estou aqui, encerrando mais um capítulo. Não estou virando a página, estou começando um outro livro.
Desejo a vocês uma grande dose de desapego. 
Se doer, passa, cicatriza e vira marca de guerra. Se não doer, é porque já havia doído até o ultimo suspiro.
Sou feita de sonhos e medos e não deixo em meu caminho nada que possa me parar.
DesapEGO. Sempre somos os nossos melhores amigos e amantes. Não há dor que não possamos combater. Não há desafio que não possamos completar, não há má fase que dure mais que possamos suportar.

Tem uma dose extra de força no meu peito e isso não me deixa falhar.
Meu santo é forte, é quente, perdoa mas não esquece.
Que não me venham com tristeza, eu to no baile pra dançar.




Se eu estou feliz?
EU SOU FELIZ e felicidade é só questão de ser.