segunda-feira, 23 de maio de 2011

• Lose Control •

Tudo tem estado assim, estranho.
É como se eu não pudesse reconhecer mais eu em mim.
É como se eu houvesse perdido minha essência e não falasse mais comigo no espelho.
Tenho estado assim, estranha à mim.
Não acredito mais em nada, tal vunerabilidade me faz frágil a ponto de acreditar em tudo que me dizem.
E contradito, faço, refaço e não desato os nós em mim.
Essa coisa toda me sufocando, o relógio, os pés cansados, o olho marejado, as filas, o barulho alheio que ensurdece meu silêncio. Tenho estado em silêncio para não falar demais.
Na verdade, perdi a vontade de falar, de mostrar meu caminho para que outros andem por ele.
Não quero receber visita, não quero arrumar a bagunça, não quero mostrar meu canto.
Só quero que alguém entre sem bater, que me procure no meio das roupas jogadas no chão, que me ache e me diga onde estou.
Cansei de fazer manual de instrução pra ninguém usar.
Nos meus 10 mandamentos não há nada além de "entre e me mostre o que é viver." 10 vezes, escrito na pedra, na terra, na testa.

Não quero mais viver minha vida em conta-gotas. Quero minha liberdade, minha vontade de mudar o mundo, meu discurso sobre extraterrestres e o amor.. É, o amor.
Não me falta amor, me falta o cuidado.
Me falta uma ligação de madrugada, um beijo roubado, me falta atenção sem pedido.
Me faltam os de sempre e os novos.
Sinto falta de mim.
Sinto falta do que eu era.
Quero mergulho em águas desconhecidas, quero queda-livre, quero vento sem direção.


Estou pedindo um resgate, um milagre, um bote salva-vidas, um porto, um cais ou apenas um farol que me mostre por onde andar.



segunda-feira, 9 de maio de 2011

• A Dama do Vento •

Certa vez, uma menina disse que eu era um anjo caído, ela me fez acreditar que troquei asas por pedaço de carne. Ela me fez sonhar, ganhar um codinome, ser desconjurada, sentir o inferno arder no peito, fez das penas do seu travesseiro o que outrora perdi.

Uma moça de lábios largos, sem cadarços no sapato, com lápis nos olhos e pouca bagagem.
Uma menina, um pouco feiticeira, um pouco donzela, sereia, monstro do lago, que me pegou na esquina do improviso, que aproveitou do meu sorriso para adentrar meu espaço.
Ela chegou e pôs os pés na mesa, quebrou as regras, deixou-me sem ar. Veio como uma brisa, refrescou-me o rosto e fez chover onde era deserto.
Essa mulher, moça, menina.. essa anciã que tanto me ensina a cada segredo seu.
Era eu, era ela, era sopro de dragão em plena primavera.
Era abraço de urso, era toque de fada, essa moça singela, cheia de amarras.
Um dia me disseram e foi com olhos de rejeição, que por mais que eu quisesse, ela nunca seria uma parte de mim, não falaram da boca pra fora, disseram em silêncio que morrerei pouco a pouco, que cada beijo seria o esboço da tempestade a enfrentar.
Eu não acreditei, sempre tão cheia de confiança, quis entrar nessa dança sem ao menos ter um par. E dancei, tenho dançado cada passo como se o próximo ato fosse simplesmente o chão.
E caio, me arrebento, fico esperando um novo vento que me dê a direção.

Estarei aqui, quando não puder voar sozinha, menina. Estarei em cada letra do teu vocabulário, em cada devaneio dos seus braços, estarei em seu quarto, pronta para afastar de ti os medos da noite.
E se um dia, não puder ganhar-te em um sorriso, que não me venha o paraíso e seus seres celestiais.
Parece um soneto de despedida, ouça, meu amor, a canção de partida.
Dama do Vento, diz que foi apenas o tempo, esse velho doido, que te soprou daqui e ele a trará de volta, para me assustar ao bater a porta, esteja aqui, a zunir em meus ouvidos que jamais me esquecerá.



(Não se assuste, minha tendência ao egoísmo louco está apenas começando, não desisto fácil, não te deixarei à espera de outro rumo, moças como você são como borboletas, vivem e se deixam viver apenas por 24 horas. Renascem, cheia de vida, para morrer ao fechar os olhos, um dia por vez).