terça-feira, 6 de dezembro de 2011
. Clarice, preciso conversar! .
sábado, 22 de outubro de 2011
. Eu sou o inimigo .
quinta-feira, 18 de agosto de 2011
. Espreita .
E que não se atreva a chegar perto demais, fique aí, na margem de lá, na linha de tolerância, de um lugar que eu não possa ouvir seus pensamentos. Não me provoque com sutis frases doces, não me faça acreditar na anarquia de um coração, não me deixe esperar. Fique do lado de lá, mas não saia do meu alcance, fique perto, mas distante, quero te ver, mas não te acompanhar. Não quero te levar, quero ir, voltar e te ver onde está. Não diga que me quer bem, diga apenas bem, pois se falar em querer, morrerei por alguns dias... Só diga bem, o querer é meu e sei que é falho, bobo, utópico. Não me conte suas verdades, não fale com quem andou, apenas confie em mim, mas não me toque, não me olhe profundamente, não leia da janela, não acompanhe meus passos, não adentre o arame farpado, ainda está tudo frágil, não posso arriscar.
Sei que vai doer, mas também sei que vai passar. Já ouço a canção da despedida, mas ainda não passou.
quarta-feira, 10 de agosto de 2011
• Você Nem Sabe •
Você nem sabe, garota, mas eu vigio seu sono, seu olhar, sua respiração. Nunca deixei de te amar, nem de te querer, só te quero baixinho, interno, pra mim, só te quero para querer recordar que já tive assim, pertinho.
Você nem sabe, guria, mas reparo em você, na forma com que mexe os ossos, no seu passo curto, arrastado. Você, menina do sorriso raso, do abraço apertado, do olhar impossível de acompanhar, não sabe e nem deveria saber, mas quando se sente o furacão todo, de dentro pra fora, passa vida, passa ano, passa hora, a gente sempre namora com o lado de dentro o que resta do lado de fora.
Faça barulho, faça silêncio, faça de tudo, ninguém mudará.
quarta-feira, 3 de agosto de 2011
. Impotência .
Queria ser agora o que você precisa.
Ser dois braços envolvidos num laço,
Ser um lenço molhado,
Ser um silêncio preciso, uma falta do que falar, de perto
Queria ser o olhar que te conforta
Ou a porta aberta pra chorar.
Ser o ombro, os pés, as mãos
Ser tua protetora ou apenas uma canção.
sexta-feira, 24 de junho de 2011
• Partir, partindo •
segunda-feira, 23 de maio de 2011
• Lose Control •
segunda-feira, 9 de maio de 2011
• A Dama do Vento •
Uma moça de lábios largos, sem cadarços no sapato, com lápis nos olhos e pouca bagagem.
Uma menina, um pouco feiticeira, um pouco donzela, sereia, monstro do lago, que me pegou na esquina do improviso, que aproveitou do meu sorriso para adentrar meu espaço.
Ela chegou e pôs os pés na mesa, quebrou as regras, deixou-me sem ar. Veio como uma brisa, refrescou-me o rosto e fez chover onde era deserto.
Essa mulher, moça, menina.. essa anciã que tanto me ensina a cada segredo seu.
Era eu, era ela, era sopro de dragão em plena primavera.
Era abraço de urso, era toque de fada, essa moça singela, cheia de amarras.
Um dia me disseram e foi com olhos de rejeição, que por mais que eu quisesse, ela nunca seria uma parte de mim, não falaram da boca pra fora, disseram em silêncio que morrerei pouco a pouco, que cada beijo seria o esboço da tempestade a enfrentar.
Eu não acreditei, sempre tão cheia de confiança, quis entrar nessa dança sem ao menos ter um par. E dancei, tenho dançado cada passo como se o próximo ato fosse simplesmente o chão.
E caio, me arrebento, fico esperando um novo vento que me dê a direção.
Estarei aqui, quando não puder voar sozinha, menina. Estarei em cada letra do teu vocabulário, em cada devaneio dos seus braços, estarei em seu quarto, pronta para afastar de ti os medos da noite.
E se um dia, não puder ganhar-te em um sorriso, que não me venha o paraíso e seus seres celestiais.
Parece um soneto de despedida, ouça, meu amor, a canção de partida.
Dama do Vento, diz que foi apenas o tempo, esse velho doido, que te soprou daqui e ele a trará de volta, para me assustar ao bater a porta, esteja aqui, a zunir em meus ouvidos que jamais me esquecerá.
(Não se assuste, minha tendência ao egoísmo louco está apenas começando, não desisto fácil, não te deixarei à espera de outro rumo, moças como você são como borboletas, vivem e se deixam viver apenas por 24 horas. Renascem, cheia de vida, para morrer ao fechar os olhos, um dia por vez).
segunda-feira, 4 de abril de 2011
• O Encontro •
Nino, um jovem rapaz, carregava em si a felicidade de uma criança, era luz, sol, tinha um par de olhos que iluminavam qualquer lugar.
Amelie não estava bem, com tanto problema no mundo, tanta gente morrendo, essa pequena salvadora não poderia estar diferente. Todo dia, Amelie acordava com o coração triste, sentia sua alma pesada, queria ver pessoas sorrindo, mas ao ligar sua televisão, nossa pequena adoecia um pouco mais.
Nino tinha o brilho que Amelie precisava, para não se afogar em amargura.
Quis o destino, as forças do universo, o cosmo, as aranhas radioativas ou qualquer homem-morcego-voador, que os dois pudessem cruzar os olhares.
Amelie ficou cega com tanta luz.
Nino sentiu paz, aquela que buscava.
Estavam ali, intrigados com tudo isso. Eles foram apresentados, esquentaram o corpo com algumas doses e falaram sobre tudo que poderia ser falado.
Amelie havia tomado sua primeira dose de amor.
Nino estava sentindo o mundo mais leve.
Não se sabe o que aconteceu naquele momento, mas era mais forte que as bagagens e a falta de sorte de outrora.
Aquela noite, Amelie foi embora cantando, dançando na chuva, sem medo.
Queria gritar para todo o bairro que havia encontrado o que lhe faltava, queria correr em direção ao mar, queria abraçar uma criança, se jogar na lama.
Já não estava mais sufocada, Nino, rapaz de bom coração, conseguiu devolver à moça a leveza das coisas, dando-lhe com um doce beijo, um sopro de vida.
quarta-feira, 16 de março de 2011
• The Future is Dead •
A vida, a rotina, as bagagens, os timbres, tudo se vai.
Estamos aqui, agora. O acelerar dos ponteiros pode nos colocar pra fora do tabuleiro.
Esvaziando, petrificando.
Acordar cansa, respeirar cansa, pensar dói.
Estamos doentes, alma, matéria, pensamento. Sinto em mim todas as dores do mundo, sinto o inferno dos outros, o meu próprio inferno.
Sinto a Via Crucis de cada criança largada na calçada, de cada pessoa à espera de um milagre, de cada filho de Cristo, implorando pão, de cada pagão tentando não suplicar perdão de Deus, por medo do Diabo.
Eu sinto, cada célula do meu corpo absorve a fumaça e a poeira de viver.
E sufoca.
Dói, não sei por onde.
Sinto falta, de Deus, de paz, dos meus pais me pegando pela mão.
Estamos livremente presos nisso tudo.
Liberdade clandestina essa, que nos obriga a sobreviver pra comer, sem comer pra sobreviver.
Liberdade que nos prende em cada centavo, milímetro, formatação.
Eu disse, dói.
Morrer que é fácil, tudo de uma vez.
Ver os sonhos virarem poesia e só, isso sim é tortura.
E se não fosse a poesia, uma bala, um dose errada. Facilidade.
Que me reste de tudo, o que julgo AMOR.
Que me reste o sorriso de alguma criança, mesmo que adulta.
Que me reste a saudade do que foi bom, o amor inacabado.
Que me reste a imagem de um homem bom, justo.
Que venha a maldade e sua foice afiada.
Que venha a onda, o abalo, a radioatividade.
Que venha a falta de mãe, de paixão, a falta de dom.
Aqui estarei para lembra que, mesmo com toda a escuridão, escrever salva.
Caos no papel, na tela, na mão.
Cada palavra me acrescenta um minuto de vida, mesmo que seja para ver a destruição.
Irremediavelmente apaixonada pela vida, em toda sua espécie.